Eram 12 de dezembro de 1995. Na sala de plenário 08, no Anexo III da Câmara dos Deputados em Brasília, estava havendo uma audiência pública sobre o direito à vida “desde a sua concepção“, conforme a Proposta de Emenda Constitucional 25A/95, do deputado Severino Cavalcante. Estavam presentes os relatores Ministro José Augusto L. Alves e Pe. Prof. Michel Schooyans, alguns membros da Comissão Especial que julgaria o referido projeto e, como não podia deixar de ser, um grupo de feministas com seus panfletos anti-vida.

Já naquela assembléia (dia 12) a deputada abortista Marta Suplicy exibia radiante uma matéria pró-aborto da revista Veja, que sairia no dia seguinte (13 de dezembro)! Era o relato de uma senhora que resolvera matar seu filho por ele ter sido concebido em um estupro.

No mesmo dia seria votado o Projeto de Lei 20/91(de autoria dos deputados Eduardo Jorge e Sandra Starling), que puniria com a morte as crianças nascidas de estupro, com dinheiro tirado do nosso imposto (do Sistema Único de Saúde). As feministas, então eufóricas com a aprovação do projeto assassino na Comissão de Seguridade Social e Família, esperavam sua aprovação na Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Aconteceu, porém, algo que as deixou perturbadas. O relator da comissão, deputado Hélio Bicudo, propôs um substitutivo que protegia a mulher estuprada, protegia a criança concebida, mas tinha um grave defeito: não derramava sangue… Defeito imperdoável, que mereceu das feministas um panfleto de protesto. Dizia o panfleto: “O Substitutivo do relator Deputado Hélio Bicudo (PT-SP), ao invés de garantir a interrupção da gravidez na rede pública [elas procuram evitar a palavra “aborto’], obriga a mulher, vítima de estupro, a manter a gravidez e, caso não queira o filho, o Estado ‘encarregar-se-á de tomá-la [a criança] desde logo aos seus cuidados, responsabilizando-se pela sua vida e educação dignas’“. Prossegue o panfleto: “Com os números estarrecedores de meninos e meninas de rua, em sã consciência, nenhuma pessoa deste país acredita que o Estado tenha condições de assumir esta responsabilidade”.

Já que o Estado não tem condições de cuidar deles, qual é então a solução para os meninos e meninas de rua? A resposta é simples e direta: matá-los. Estariam então as feministas de acordo com a chacina de menores que houve na Candelária? Logicamente sim. Afinal de contas, qual é a diferença entre matar antes e matar depois do nascimento?

Esteja o leitor certo de uma coisa: qualquer solução apresentada para os problemas da mulher e da criança, por mais maravilhosa que seja, se não incluir o aborto, será sumariamente rejeitada pelas militantes feministas. Ainda está por ser inventado algo que sacie a sede delas além do sangue.

Anápolis, 22 de maio de 1996.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

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